domingo, 2 de maio de 2010

a magia do nosso teatro

De repente toda a mágica que havia se esvaído, renasceu, voltou, ressurgiu, como uma fênix que se refaz de suas próprias cinzas. A casinha apertada que construímos com a presença, com escritos, com camelos, com sorrisos, com "nós", dia após dia, voltou a ter cor, a ter graça, já não sobro(só) naquele singelo sobradinho cujo qual o ventilador não faz mais falta(há outra companhia me deixando gélido).

Sim! As nossas preces alcançaram o céu, sim. Mas também já foram veladas algumas vezes. Hoje elas estão aí, esperando alçar voo. Coração, eu também não sei o que aconteceu. Deveria, eu sei. Mas não sei. No fundo, eu só espero que o seu rosto ainda tenha o gosto meu.

Temo quando te espio(coisa que faço com a frequência do piscar de olhos) e vejo você falando da lua, da estrela e de um certo mal. Este, que ultimamente, anda te acompanhando como Sancho Pança e Dom Quixote. Garanto, como na obra, que ele irá se render aos seus sonhos, à sua fantasia, à sua magia, essa que balança o mundo, que une bailarina e soldado de chumbo.

Nada é mais vazio, nem aquela casinha que construímos no início, desde o início. Ultimamente ela, tão pequena, me parecia mansão, castelo. Era só eu, dentro daquele imenso "casarinha". Mas não consigo não me render ao seu eterno(perfeito) plié. Ele me deixa atônito, estático, na iminente inércia da inacção. Ele torna essa casinha um cubículo, onde não cabe mais nada, nada além do nosso amor cheio de rugas.

Estranho, aquele velho beijo com sabor de café requentado já não foi mais o mesmo. Foi mais, foi além. Foi ele que manteve de pé quando faltou a solitária perna de chumbo.

"Me abraça forte, que é chegada a nossa hora"

Victor Andrade

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