quarta-feira, 31 de março de 2010

Ato fúnebre de um jovem vivo...

Eu estou morrendo! Sim, estou. Não me faz pior admitir. Eu estou morrendo a cada dia que passa. Toda noite, antes, após ou até durante a oração, me pego com esse pensamento fúnebre. Às vezes é meio triste, outras é bom. Fico triste por pensar que mais um dia se foi, 24 horas a menos até a hora de eu não mais ser(terreno). Isso é triste. Fico feliz por viver mais um dia e perceber que fui feliz, que fui eu, que fui amigo, amante. Que fui. Que existi. E que pra uma, pelo menos uma pessoa, eu fui a melhor companhia daquele dia. Fui o motivo do seu riso, fui o conselheiro, fui sua vida por alguns minutos ou horas. Fico triste também, por haver a hipótese de eu ser o choro de alguém. Por eu ser o fim do seu riso, aquilo que lhe faz deixar de brilhar e se torna breu. Fico feliz de saber que quanto mais perto chego da minha morte, mais mudanças ocorrem. Não sei se boas ou ruins, mas são mudanças. Elas são importantes, são essenciais. Que graça teria ter aquela velha opinião formada sobre tudo? Não, obrigado! Metamorfose Ambulante! Já não sou mais o mesmo de ontem, nem sequer o mesmo do desjejum. Sei, soa filosófico, poético. Não é. É verdade. Imagine quantas coisas ocorrem num período de 4 horas. Elas podem lhe mudar muito, por muito tempo. Em outras tantas vezes, fico triste por, talvez, essas mudanças me fazerem pior. Não, pior não. Me fazerem diferente demais pros meus. Temo que eles não acompanhem isso, não gozem do mesmo momento que eu, que eles não gozem como eu. Temo perdê-los justamente pelo que acho mais bacana do "serumano"; mudanças. Mas, a felicidade sempre vai prevalecer, eu sei. Quer dizer, não sei, mas torço. Não gosto de falar "sempre". Nada é para sempre. Eu sei, falo por saber. Já fiz juras eternas de amor à minha "sempre" amada companheira. Sim, eu acreditava que fossêmos ser pra sempre. Ela também. Todos também. Hoje, o "oi" apenas, nos traduz por completo. Somos meros conhecidos. Já fomos "sempre", hoje nem somos mais. E, sim, era amor de verdade, com certeza absoluta(o pleonasmo cabe aqui). Com a certeza de um pobre rapaz que sofre de "depressão pós-algumacoisa".
Não penso na morte como algo triste, plausível de choro. Sim, eu choro. De burro que sou! O ato de morrer é inerente ao ser humano. Todos morrem, todos sabem. Ninguém espera, mas todos sabem. O que muda é a concepção de morte. Pra alguns ela é razão de desespero, ela é o inimigo que lhe rouba os entes e amigos. Que lhe fere ao ponto de não cicatrizar jamais. É um significado doloroso à morte. Outros tantos consideram a morte como uma passagem espiritual, apenas a transição para um novo estágio. Há outra turma, da qual faço parte, que não sabe, nem se importa em saber, se morte é passagem, estágio, o quer que seja. Vivem e pronto. Consideram a morte como a única companheira da dose saideira. Fazem dela um happy end de incontáveis happy hours.

Vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, morramos como quem soube viver direito.

Victor Andrade

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